Para os que não gostam de poesia, eis a primeira crônica
Hoje, logo que
voltava do trabalho, vinha pensando. Como sempre faço e tenho a impressão que toda
a pessoa tem este momento de reflexão. Ah! Para quem não sabe, escrevo poemas
há algum tempo, isto sempre foi o bastante para mim e, ao final das contas,
ainda é.
Nesta
caminhada, do trabalho até em casa, lembrei-me duma conversa que tive com outro
poeta, este é alguns vinte anos mais experiente que eu na poesia. Na ocasião
ele me disse que o melhor, para ter os poemas divulgados, com mais facilidade
na sociedade, era começar a escrever crônicas, segundo ele, são mais populares.
Hoje, comecei a pensar sobre o que escreveria, afinal, para um poeta que
escreve texto em versos, não seria tão difícil aplicar algo em prosa.
Só o que eu
não havia ainda entendido, refiro-me a conversa com o poeta meu amigo, qual
seria o porquê de poesias não serem tão populares na sociedade atual. Recordei
de épocas, que estudei na escola em que a literatura no Brasil era
exclusivamente poesia. Talvez seja o fato de, naquela época, não haver tantas
músicas letradas como há hoje, se bem que as músicas atuais, as da moda, não
são lá aquelas coisas. Sem comentar o fato de que é necessário revirar algumas
horas, se não dias na internet para achar algo descente, algo que não seja
meloso demais ou material explícito de sexo (será que é só isso que se passa na
cabeça das pessoas, romance e sexo?). Por outro lado, a porcentagem de
alfabetizados era absolutamente menor que a de hoje, o que faz com que o número
de leitores de poesia daquela época, não seja tão diferente do número de
leitores de poesia atualmente.
O fato de ter
meus poemas divulgados por causa de crônicas, sei bem que é um tanto estranho,
mas é melhor que esperar que eu morra para perceberem, então, que os poemas
“daquele maluquinho”(eu!) tinham alguma coisa de boa.
Para os que
não gostam de poesia, peço-lhes, por favor, escolham algum poeta famoso. Tenho
certeza que quem vocês escolherem já morreu. Que poeta deva escolher? Não
interessa, o interessante é que dediquem meia hora a uma única poesia, entendam
como algo que aconteceu com vocês, ou até mesmo, encarem como um alerta, apenas
riam, mas saciem-se com as palavras.
Já aviso de
antemão, a poesia é feita para pensar. A reflexão não lhe é dada de mão
beijada, como fiz neste texto, que pobremente estou chamando de crônica.
Pensar! É essa
a idéia mais importante dentro de um poema. Para o poeta é um desabafo. Para o
leitor? Sinceramente, quando leio uma poesia boa, pelo menos que eu considere
boa, parece que ela foi feita para mim, como se quem a escreveu me conhecesse a
um longo tempo.
Se estiverem
lendo esta crônica para achar algo interessante ao final, como quando se está
curioso pelo final do livro e vai direto a última página, então vamos lá: das
coisas que a poesia me ensinou, uma se destaca, a melhor coisa dentro de
qualquer coisa, e isto também vale para a vida (afinal a poesia como a crônica
é reflexo da vida) é o que aprendemos antes do ponto final e o que levamos até
o próximo parágrafo inicial.
Bernardo Rodrigues da Silva
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